terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Arte e o Sensibilismo


"Para se fazer uma arte bela, boa e bonita é preciso que não se responda, que não se tomem lados ou verdades. Com as dúvidas nós nascemos e com elas morreremos. O que é eterno em nós é a incerteza do finito e infinito. Aqueles que responderem serão esquecidos por terem sido finitos, aqueles que não responderem serão esquecidos por terem sido infinitos. Os eternos nos deixarão a interrogação, nos virarão contra nós mesmos em uma sala de espelhos."


" Sensibilismo é tudo aquilo que envolve o tudo e o todo. É a vontade de sempre conseguir se enxergar cada vez de mais longe, para abarcar a todos, e a vontade de sentir cada vez mais perto, para fazer com que a distância não nos leve a pensar que os outros são pequenos ou menos importantes. Olhar a tudo, sentir de perto. O sensibilismo é a junção de todas as áreas das ciências, filosofias, religiões, artes, culturas, povos, línguas, mentes, corações. É o reconhecimento de si no outro. É o bom uso do conhecimento. É a busca da autoprofundidade, do verdadeiro eu. Sensibilismo é o sorriso dado ao atendente. É a quebra da corrente de stress e agressividade que se gera quando alguém é ignorante com outra pessoa. Ao invés de ficar com raiva de ter sido agredido e se estressar, acabando por descontar na mãe ao chegar em casa, ou no marido, ou filhos, o sensibilista destrói a negatividade, destrói os ciclos viciosos e finaliza textos repetitivos como este."


Essa primeira postagem é praticamente destinada para quem já conhece o sensibilismo. Serão colocadas abaixo apenas algumas características e um pequeno texto de minha autoria para descontrair. As características serão colocadas aos poucos, e de acordo com a produção dos artistas os textos serão postados.


– Características Sensibilistas:

I – Linguagem acessível: Não queremos uma forma de expressão artística que se restrinja só a intelectuais ou a pequenos grupos de universitários, queremos que o sensibilismo chegue até as casas de barro, chegue de norte a sul do país desde o cinema até a literatura, sem que a linguagem seja um entrave para a compreensão das pessoas. Queremos subir em ônibus, distribuir mini-estorinhas, e lê-las para os passageiros e cobrador, queremos ler aos cegos, recitar em abrigos de idosos. Para quem não sabe ler, leremos, ensinaremos.


II – Desapego a um molde do personagem: Não há uma estrutura fixa do personagem, cabendo ao leitor se identificar com o personagem e sentir e saber que ele também pode ser mais sensibilista, que ele pode ser protagonista de uma estória, que ele também pode ajudar, pode modificar e pode ser diferente da grande maioria cômoda. Esta característica faz com que o escritor não se prenda a descrever traços fixos do(s) personagem(ns), como cor dos olhos, cabelo, pele, estatura, tudo isso será deixado de lado, mostrando ao leitor que ele deve se apegar ao conteúdo da estória a essência que move os personagens e não a estrutura material, pois deixará o leitor mais confortável a se sentir com as mesmas características ou até despertar esse sensibilismo. Queremos deixar o físico de lado. O que importa é a personalidade. Obviamente que um artista que ache necessário descrever algum aspecto físico pode fazê-lo, portanto que não se dê prioridade ao físico.


III - Priorizar contos: Em primeiro plano os escritores que se dedicarem devem começar escrevendo contos, pois sabemos que a grande maioria da população brasileira tem preguiça de ler, e queremos atingir a todos, sendo assim a melhor forma de aproximar o leitor ao texto é evitar aqueles livros volumosos e pesados. A princípio queremos priorizar os contos depois os escritores poderão se sentir a vontade para escrever os livros e divulgá-los.



Biografia de um normal


Eu quando criança, sempre muito libertário, aprendi a destruir os limites que impunham à minha imaginação. Com isso tornei-me uma pessoa muito criativa, fazia todos os tipos de artes e invenções. Eu queria fazer algo GRANDE, queria ser lembrado. Quem não quer ser lembrado? Quem não quer ser amado? Amado por todos ou por apenas um, mas nós queremos mesmo é sermos amados, pois essa é a única maneira que encontramos para saber de fato que estamos realmente vivos. Nossa busca é a busca do outro.

Então com toda essa criatividade genial, claro que eu tinha plena certeza de que não seria apenas mais lã branca. Eu adorava escrever! Seria um GRANDE escritor! Sim, escreveria sobre as verdades universais! Os sentimentos comuns a todos! Levantaria GRANDES questionamentos entre os povos! Eu estava certo, eu era perfeito para isso. Quem mais além de mim? Eu conhecia a profundeza humana, só eu poderia falar com uma linguagem tocante sobre tudo que há em nós. Eu estava certíssimo! Não perdi tempo, assim como aquela GRANDE pessoa muito importante eu

Vim, vi, voltei.

Você não sabe como a guerra estava feia quando eu cheguei! Todos estavam se empurrando, se acotovelando, pisando um no outro, todos queriam ser GRANDES! Se eu dissesse vocês não acreditariam, mas eles chegavam a matar para poder conseguir. Sim, eu voltei. Voltei por que minha mãe esteve doente e precisei trabalhar nos negócios da família em troca de nosso sustento e dignidade. Acabei por largar a faculdade de letras. Essa coisa de escrever é para pessoas que não têm o que fazer. Eu nunca gostei de escrever mesmo. Eu nunca escrevi um livro e jamais escreveria. Eu depois de muito tempo procurei meus erros no passado e acho que encontrei. Eu deveria ter pensado de outra forma, ao invés de ter pensado daquela maneira. Deveria ter querido SER grande, um grande ESCRITOR, FAZER algo grande. Mas agora é tarde. Minha lã é branca e faz parte de todo o rebanho. De vez em quando os GRANDES me cobram um pouco dela para deixarem que eu continue no rebanho deles. Não escrevo mais. Nunca mais escreverei.


(Tibério R.S.B.)